Vivaldo põe preto no branco

Memória de 05/09/2005 – Será decretada a prisão preventiva de Paulo Maluf, seu filho Flavio Maluf e Celso Pitta, por lavagem de dinheiro, corrupção ativa, formação de quadrilha, evasão de divisas e peculato. Apesar do processo correr em segredo de justiça a informação vazou para o noticiário. Vivaldo Alves, o doleiro que intermediou as transações do esquema, diz que milhões, mas milhões, foram desviados durante os anos de gestão do PPB na prefeitura de São Paulo. Túnel Airton Senna e Águas Espraiadas, apresentam provas irrefutáveis de fraude nas licitações e pilhagem dos cofres públicos. Existem outras obras, muitas outras com fortes indícios de irregularidades. Será que enjaulam Maluf e Pitta dessa vez?

Com tanta maracutaia rolando na praça, não é que ainda sobrou um espaço no noticiário para os Vivaldos, Maluf e Pitta. Está certo que o espaço anda reduzido, pois a concorrência está acirrada, mas voltaram com notícia de peso. Acredito que deveriam ser esquecidos pela mídia nacional, pois, demonstraram ser uns incompetentes até para desviar aquela mixaria de dinheiro. O que são algumas centenas de milhões desviados em dois mandatos municipais, em comparação, a quem sabe, bilhões desviados somente na metade de um presidencial.

É uma injustiça o que fazem com ele e justiça seja feita, ninguém nunca provou nada contra Paulo Maluf. Ele mesmo cansa de dizer isso. No caso dos milhões em paraísos fiscais, mesmo com sua assinatura autorizando transações, chegou a dizer na TV que, quem achasse aquele dinheiro poderia pega-lo para si que não era seu. Ainda não sei se acharam a grana, mas foram achar o Maluf quietinho, sentadinho no seu sofá, comendo tabule, assistindo aos desmandos do PT no noticiário da TV e, provavelmente, comentando com seus colegas partidários, que tais acontecimentos o ajudarão muito em seu regresso triunfal à vida pública.

Foi presidente da Caixa Econômica de São Paulo, no período de 1967 a 1969, obviamente com nomeação direta via Governo Militar. Filiado a ARENA, foi nomeado pelo mesmo Governo, Prefeito da cidade de São Paulo de 1969 a 1971. Durante essa gestão fez misérias com o erário. Deu 25 carros para os jogadores e comissão técnica da seleção tri-campeã de futebol e construiu o Elevado Costa e Silva, o famoso Minhocão, incrustado sutil e delicadamente por entre prédios, sem nenhuma preocupação arquitetonica, paisagística e ambiental com a cidade, provavelmente para facilitar o acesso de sua casa com a fábrica da Eucatex, a qual era Presidente.

Eleito indiretamente Governador do Estado, novamente pelo Governo Militar, exerceu o mandato de 1979 a 1982, onde continuou executando suas pérolas administrativas, sem perder o foco nos desmandos com os cofres públicos. Com a extinção da ARENA, filiou-se ao PDS e continuou seu trabalho social pelo estado. Construiu boa parte da Rodovia dos Trabalhadores, com custo por quilometro muito, mas muito acima dos praticados na época, fundou a PauliPetro e afundou o estado em dívidas, uma vez que nenhuma gota de petróleo foi extraída, mas centenas de poços artesianos foram cavados. Gastou uma fortuna em verbas de representação com jantares e gratificações, mas foram as flores e presentes que lhe causaram problemas, pois, foi condenado a devolver o dinheiro gasto, que em valores da época daria para construir uma COHAB inteirinha. Nessa época também surge o escândalo Lutfalla e o programa Pró-Família, com o objetivo de esterilizar mulheres negras. Não podemos esquecer a criação da ROTA e das intervenções policiais do batalhão de choque nas manifestações de grevistas que muito operaram nessa ocasião. Lembremos que o PT foi fundado em 1980, exatamente para se opor aos desmandos governamentais e apoiar o trabalhador.

Finalizado seu mandato à frente do Governo do Estado de São Paulo, pela primeira vez elege-se através do voto, deputado federal, mas só comparece em 3 das 654 sessões que deveria estar presente. É condenado a devolver à Câmara os jetons que recebeu indevidamente durante seu mandato. Como candidato do regime militar à Presidência da República, que na época era realizada indiretamente por um colégio eleitoral, Maluf comanda a campanha contra as Diretas JÁ. Concorre no mesmo colégio contra Tancredo Neves do PMDB e toma uma leve surra na plenária da Câmara. Daí em diante só vai tomando pau em tudo o que concorre, sendo ironizado pelo candidato Lula na campanha de 1989 como um candidato competente, que compete, compete, compete e não ganha nada.

Como padrinho do casal Fernando Collor e Rosane, apoia incondicionalmente a campanha de Fernando Collor de Mello do PRN, à Presidência da Republica. Essa história é bem conhecida. Fora COLLOR! Ah! É interessante lembrar que PC Farias, aquele assassinado pela suicida, foi um agente também do Paulo Maluf. Isso não é incrível?

Mas Maluf é insistente e se elege Prefeito da cidade de São Paulo, já que Luiza Erundina não conseguiu sustentar o PT para sucessão de seu mandato. Parece que o PT não se sustentar no Governo é histórico . Como sou burro por não ter enxergado isso antes. Que imbecil sonho de democracia eu tive.

Novamente à frente da prefeitura, Maluf inicia suas extravagâncias monumentais. Constrói o túnel Airton Senna e a avenida Águas Espraiadas, com valores infinitamente superiores à obras congêneres. Implantou o projeto Cingapura, que não saiu barato aos cofres públicos do município e criou o PAS (Programa de Assistência à Saúde), aquilo que já denominaram como a falencia da saúde pública no município de São Paulo. O pobre não conseguia ficar doente em paz. Nessa gestão, ele fez mais, muito mais. Usou os cofres públicos com incomparável propriedade. Fez caixa 2,3,4,5,6, muito caixa. Fez também o Pitta, aquele secretário medíocre que morreria esquecido por entre os anais municipais, mas que se achou importante e quis imitar o criador na sua própria gestão. Mania do homem querer imitar ao Criador. Maluf é insuperável. Ninguém conseguiu ainda superar o cemitério de Perus, onde foram enterrados quilos de presos políticos assassinados e vítimas do "Esquadrão da Morte". Ninguém tambem consegue superar suas frases de efeito, como "Se está com desejo sexual, estupra mas não mata" ou "As professoras não mal remuneradas, são é mal casadas". Sobre o Pitta? Já falei o que tinha que falar. Não merece mais que duas linhas.